Leishmaniose viceral preocupa 26/09/2017 - 09:30

Uma doença grave, que pode resultar em morte em 90% dos casos quando não tratada adequadamente, volta a ameaçar a saúde pública em Minas Gerais. Com dados em queda até 2013, a leishmaniose visceral voltou a crescer no estado, registrando alta de 74% no número de diagnósticos humanos, na comparação com o ano passado. Naquele ano, 319 pessoas tiveram a doença, contra 558 em 2016. E neste ano, até 31 de agosto, 409 pacientes já foram diagnosticados, o que representa 73,2% de todo o ano passado.

As mortes provocadas pela doença seguem também no ritmo de alta: foram 37 em 2013, contra 57 três anos depois. Em 2017, até agosto, 43 pessoas perderam a vida pelo agravamento da enfermidade, que atinge também os cães.

Diferentemente da dengue, que é uma virose aguda e tem um curso acelerado, os sintomas da leishmaniose demoram mais para aparecer após a infecção. Esse período pode demorar entre 15 e 30 dias, mas a partir dos primeiros sinais é preciso que o diagnóstico seja imediato para evitar complicações. É uma doença grave, que precisa de atenção muito grande, tanto pelo paciente que deve procurar de imediato um serviço de saúde, quanto pelos profissionais da área, no diagnóstico, tratamento oportuno e adequado e monitoramento da evolução da doença, destacando o risco de complicações. Ela tem um alto potencial de letalidade e pode levar à morte em 90% dos casos, se não for bem tratada. Apesar de haver tratamento para humanos, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), o medicamento indicado é potente, gera complicações e exige acompanhamento durante longo período.

Minas, onde a doença é endêmica, é um dos estados brasileiros com maior número de casos registrados.  Atualmente, há alta densidade do vetor e condições favoráveis para infecção, como a proximidade de pessoas nas regiões com transmissão, mudanças no regime de chuvas, presença de matéria orgânica úmida, que favorece a reprodução do vetor, entre outros.
 
Até 2012, as regiões com maior número de casos humanos em Minas eram a Grande Belo Horizonte e as regiões de Montes Claros e Leste do estado. Daquele ano em diante, o Vale do Aço passou também a concentrar registros. Como forma de prevenção da doença, o Ministério da Saúde tem um manual de vigilância e controle, com ações relacionadas a diagnóstico, tratamento de pacientes e prevenção.

Como medida de prevenção, as pessoas devem evitar o acúmulo de resíduos sólidos, fezes de animais, folhas secas e outros substratos que favoreçam a reprodução do mosquito-palha. Também deve-se instalar telas em canis, portas e janelas de casa, além de usar coleiras impregnadas de inseticida nos animais – próprias para a prevenção. Diante de qualquer sintoma, pacientes com suspeita da doença devem procurar um serviço de saúde.

Além de Minas Gerais, no dia 13 de setembro, a Vigilância Epidemiológica de Florianópolis também confirmou o segundo caso autóctone de leishmaniose visceral humana do estado de Santa Catarina. O paciente, um homem de 34 anos, começou o tratamento em agosto e já teve alta da unidade. O primeiro caso foi identificado em agosto, quando um morador da localidade Saco dos Limões foi internado após ter contraído a doença.

De acordo com a secretaria de Saúde de Florianópolis, o homem morava no bairro Pantanal quando adoeceu. Ele teve os primeiros sintomas da doença em maio. Na ocasião, quando procurou uma unidade de saúde, o parasita não foi identificado. Em agosto 2017, com o agravamento da situação, buscou atendimento hospitalar. O Centro de Controle de Zoonoses, ainda conforme a Secretaria de Saúde, deve iniciar a investigação ambiental e o inquérito sorológico nos cães encontrados na região. Segundo o levantamento da , a leishmaniose visceral canina, que antes se concentrava na região da Lagoa da Conceição, agora está distribuída em 34 bairros da Capital. Desde 2010, o CCZ já investigou mais de 7.000 cães de forma contínua, em especial nas regiões onde já foi confirmada a presença de cães infectados. Em 2017, foram testados 713 cães e detectados 62 casos da doença, segundo último levantamento divulgado.

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