Guiné Equatorial e Tanzânia – Atualização vírus Marburg 08/05/2023 - 14:47

A Guiné Equatorial e a Tanzânia enfrentam, pela primeira vez, um surto de vírus Marburg (Figura 1). A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o risco como muito alto em nível nacional, alto em nível sub-regional, moderado em nível regional e baixo em nível global. O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) Nacional classifica o risco como moderado a nível nacional.

 

Mapa marburg

 

Surto do vírus Marburg na Guiné Equatorial

Os primeiros casos foram identificados no início de janeiro de 2023 na província de Kie Ntem, no oeste do País. Até 21/04/2023 foram confirmados dezessete casos em quatro diferentes províncias. Os casos ocorreram nos distritos Nsork (1), Evinayon (2), Ebibeyin (3) e Bata (11) (Figura 2). Cinco casos confirmados ocorreram em profissionais de saúde, sendo que dois evoluíram para óbito. Do total de casos confirmados, um segue em monitoramento, três evoluíram para cura, doze evoluíram para óbito e um apresenta status desconhecido. Cerca de 1.427 contatos estiveram em monitoramento no país e, destes, 116 ainda seguem em acompanhamento.

A província afetada de Kié-Ntem, na Guiné Equatorial, faz fronteira com Camarões e Gabão (Figura 2). Além disso, em março de 2023, foram relatados casos de infecção pelo vírus Marburg na província costeira do Litoral. Embora nenhum caso confirmado tenha sido relatado fora da Guiné Equatorial relacionado a este surto, as informações disponíveis sobre este surto e sua disseminação são limitadas, portanto, o risco potencial de disseminação internacional não pode ser completamente descartado.

 

Mapa Guine Equatorial

 

Surto do vírus Marburg na Tanzânia

Em 21 de março de 2023, a Tanzânia confirmou seus primeiros casos após a realização de testes de laboratório a partir de relatos de casos e óbitos em duas aldeias no distrito de Bukoba, região de Kagera, no norte do país (Figura 3). Até 16/04, seis dos nove casos confirmados, incluindo um profissional de saúde, foram a óbito e os outros três casos permanecem em tratamento. Um total de 212 contatos foram identificados, dos quais 206 completaram o período de monitoramento. O caso índice relatou um histórico de viagens para a Ilha Goziba, no Lago Vitória, na Tanzânia. Esse paciente desenvolveu sintomas após retornar à sua aldeia no distrito de Bukova, Kagera.

Os casos foram relatados apenas no Conselho de Bukoba da região de Kagera, que faz fronteira com Burundi, Ruanda e Uganda (Figura 3).

 

Mapa tanzania

 

Informações sobre o vírus Marburg

O vírus Marburg (MARV, sigla em inglês) é um vírus que pertence à família Filoviridae, gênero Marburgvirus, altamente virulento, que causa febre hemorrágica, com taxa de letalidade de até 88%. O período de incubação varia de 2 a 21 dias. A doença se inicia abruptamente, com febre alta, dor de cabeça intensa e mal-estar intenso. Dores musculares são uma característica comum. Diarreia aquosa intensa, dor abdominal, cólicas, náuseas e vômitos podem começar no terceiro dia de infecção. No curso inicial da doença, o diagnóstico clínico é difícil devido a similaridades dos sinais e sintomas com outras doenças febris tropicais.

Durante a fase grave da doença, os pacientes apresentam febre alta. Muitos pacientes desenvolvem manifestações hemorrágicas graves entre 5 e 7 dias, e os casos fatais geralmente apresentam algum tipo de sangramento, geralmente em várias áreas do corpo. A presença de sangue no vômito e nas fezes costuma ser acompanhado de sangramento nasal, gengival e vaginal. Sangramento espontâneo em locais de punção venosa (onde o acesso intravenoso é obtido para administrar fluidos ou coletar amostras de sangue) pode ser particularmente problemático. O envolvimento do sistema nervoso central pode resultar em confusão, irritabilidade e agressividade. Em casos fatais, a morte ocorre mais frequentemente entre 8 e 9 dias após o início dos sintomas, geralmente precedida por perda intensa de sangue e choque. A infecção por vírus Marburg humana resulta da exposição prolongada a minas ou cavernas habitadas por colônias de morcegos Rousettus sp. e se espalha entre os humanos por contato direto (através de pele ou mucosas) com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de pessoas infectadas, e com superfícies e materiais (por exemplo, roupas de cama, roupas) contaminados com esses fluidos. Não existem vacinas ou tratamentos específicos aprovados. Os profissionais de saúde são frequentemente infectados durante o tratamento de pacientes com suspeita ou confirmação de infecção pelo vírus Marburg, por meio de contato direto quando as medidas de prevenção e de controle de infecção não são estritamente praticadas. A transmissão por meio de agulhas e equipamentos de punção contaminados está associada a doença mais grave, de rápida deterioração e, possivelmente, maior taxa de letalidade. Cerimônias fúnebres que envolvem contato direto com o corpo do falecido também podem contribuir na transmissão do vírus Marburg. As pessoas permanecem sendo potencialmente transmissoras enquanto seu sangue contiver o vírus.

 

Para os viajantes com destino às áreas afetadas da Guiné Equatorial ou Tanzânia, é recomendado:  

Buscar orientações atualizadas com as autoridades de saúde locais;
- Evitar o contato com pessoas doentes que apresentem sintomas como febre, dores musculares e erupções cutâneas;  Evitar contato com sangue e outros fluidos corporais;
- Evitar contato com cadáveres ou itens que estiveram em contato com cadáveres, participando de funerais ou rituais funerários ou enterro;  
- Evitar visitar as unidades de saúde na área do surto para atendimento médico não urgente ou por motivos não médicos;  Evitar visitar curandeiros tradicionais;
- Evitar o contato com morcegos frugívoros e cavernas e minas onde vivem;
- Evitar contato com animais silvestres.
Além disso, é importante observar a manifestação de sintomas de Marburg enquanto o viajante estiver na área do surto e por 21 dias após deixar a área. Se o viajante desenvolver febre, calafrios, dor muscular, erupção cutânea, dor de garganta, diarreia, fraqueza, vômito, dor de estômago ou sangramento inexplicável ou hematomas enquanto estiver na área do surto ou nos 21 dias seguintes a deixar essa área, deve realizar isolamento, procurar atendimento médico imediatamente e relatar a sua condição de viajante para área com casos de Marburg.

 

Fonte: ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)

Ministério da Saúde

Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente